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Cad. Saúde Pública (Online) ; 35(6): e00097718, 2019.
Article in Portuguese | LILACS | ID: biblio-1011690

ABSTRACT

O presente estudo buscou compreender aspectos assistenciais presentes na base da utilização indiscriminada de benzodiazepínicos. Com base numa parceria entre uma universidade brasileira e uma cubana, buscou-se o entendimento das práticas relacionadas ao uso desses medicamentos na atenção primária e dos sentidos que profissionais de saúde atribuem a elas. A investigação integrou um estudo de casos múltiplos realizado nos municípios de São Paulo e Diadema (Brasil) e Santiago de Cuba (Cuba). O trabalho de campo adotou como estratégias de coleta de dados entrevistas individuais e grupos focais. Os dados, analisados tematicamente, revelaram cinco temas: (i) terra de ninguém: a ausência de gestão sobre o uso dos benzodiazepínicos pelos profissionais da atenção básica; (ii) indicação inadequada: o benzodiazepínico prescrito psra situações injustificáveis; (iii) salvação e perdição: o medicamento como atenuante da dificuldade de atuação na saúde mental pelos profissionais da atenção primária; (iv) pouco empoderamento dos profissionais da atenção primária para atuação na saúde mental; e (v) cuidado fragmentado: a desarticulação da rede de atenção psicossocial. A pouca apropriação das questões da saúde mental pelos profissionais da atenção primária, a fragmentação do cuidado, a sobrecarga de trabalho com temas considerados prioritários, as deficiências na disponibilidade de recursos terapêuticos e o pouco investimento em formação específica contribuem para o uso não adequado de benzodiazepínicos. Independentemente dos contextos sanitários estudados, os desafios são semelhantes para os sistemas de saúde e só podem ser enfrentados se convertidos em prioridade para a gestão das organizações e para o conjunto dos profissionais.


The current study aimed to grasp the healthcare aspects present at the basis of the indiscriminate use of benzodiazepines. Based on a partnership between a Brazilian university and a Cuban university, the study aimed to understand the practices related to the use of these drugs in primary care and the meanings healthcare workers assign to them. The research was part of a multiple case study in the cities of São Paulo and Diadema (Brasil), and Santiago de Cuba (Cuba). The fieldwork data collection strategy was based on individual interviews and focus groups. Data were analyzed thematically and yielded five themes: (i) no man's land: lack of management of benzodiazepine use by primary care workers; (ii) inadequate indications: the benzodiazepine prescribed for unjustifiable situations; (iii) salvation and perdition: the medicine as attenuating the difficulty of acting in mental health by primary care professionals; (iv) limited empowerment to work in mental health; and (v) fragmented care: dissociation of the psychosocial care network. Limited grasp of mental health issues by primary care workers, fragmented care, work overload with what are considered other priorities, deficiencies in the availability of therapeutic resources, and limited investment in specific training contribute to the inadequate use of benzodiazepines. Independently of the health contexts, the challenges are similar for the health systems and can only be confronted if they become a priority for the organizations' management and the health workers as a whole.


El presente estudio tuvo como meta comprender aspectos asistenciales existentes en relación con la utilización indiscriminada de benzodiacepinas. A partir de la colaboración entre una universidad brasileña y una cubana, se procuró el entendimiento mutuo de las prácticas relacionadas con el uso de esos medicamentos en la atención primaria, así como el sentido que los profesionales de la salud les atribuyen. La investigación integró un estudio de casos múltiples, realizado en los municipios de Sao Paulo y Diadema (Brasil) y Santiago de Cuba (Cuba). El trabajo de campo adoptó como estrategias de recogida de datos entrevistas individuales y grupos focales. Los datos, analizados temáticamente, revelaron cinco temas que detallamos a continuación. (i) tierra de nadie: la ausencia de gestión sobre el uso de las benzodiacepinas por parte de los profesionales de la atención básica; (ii) indicación inadecuada: las benzodiacepinas para situaciones injustificables; (iii) salvación y perdición: la medicación como atenuación de la dificultad de actuar en la salud mental por los profesionales de la atención primaria; (iv) poco empoderamiento para trabajar en el ámbito de la salud mental y (v) cuidado fragmentado: la desarticulación de la red de atención psicosocial. La escasa asunción de las cuestiones de salud mental por parte de los profesionales de atención primaria, la fragmentación del cuidado, la sobrecarga de trabajo con temas considerados prioritarios, las deficiencias en la disponibilidad de recursos terapéuticos y la poca inversión en formación específica contribuyen al uso no adecuado de benzodiacepinas. Independientemente de los contextos sanitarios estudiados, los desafíos son semejantes en todos los sistemas de salud y sólo pueden enfrentarse si se convierten en prioridad para quienes gestionan instituciones, así como para el conjunto de profesionales.


Subject(s)
Humans , Benzodiazepines/administration & dosage , Mental Health , Substance-Related Disorders , Pharmaceutical Services , Primary Health Care , Universities , Brazil , Focus Groups , Cuba , Qualitative Research , Mental Disorders/chemically induced , Mental Disorders/drug therapy , Mental Health Services
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